Uma técnica pioneira capaz de destruir tumores através da sua transformação em "bolas de gelo" poderá permitir o tratamento de doentes com cancro da mama sem a necessidade de cirurgia. O sistema foi desenvolvido pela companhia israelita IceCure Medical.
De acordo com o jornal britânico The Telegraph, especialistas internacionais começaram já a tratar mulheres que sofrem com esta doença com recurso a este método em ensaíos clínicos atualmente a decorrer.
A técnica utiliza uma agulha arrefecida até cerca de -170C que congela e descongela repetidamente os tumores, danificando os tecidos doentes e acabando por matá-los. Segundo os médicos, não é necessária anestesia geral e o tratamento pode ser feito em cerca de 15 minutos.
Assim, este método pioneiro pode constituir-se como uma alternativa viável à cirurgia, que deixa cicatrizes e cujo tempo de internamento pós-operatório é sempre superior a uma semana.
Em declarações ao The Telegraph, os cientistas envolvidos na descoberta desta técnica explicaram que a agulha é arrefecida ao receber, através de tubos de pequeníssimas dimensões, nitrogénio líquido. Depois, os cirurgiões podem controlar o tamanho da "bola de gelo" produzida, garantindo que todo o tumor é congelado.
Sistema deve ser aprovado na Europa já em 2013
"As células do corpo humano são maioritariamente compostas por água, o que significa que congelam", esclarece Hezi Himmelfarb, da IceCure Medical. "Outras tentativas semelhantes recorreram ao calor para destruir as células cancerígenas, mas esses tratamentos podem ser muito dolorosos porque o nosso corpo é muito sensível a altas temperaturas", acrescenta.
Pelo contrário, aponta Himmelfarb, "o frio tem um efeito anestésico, pelo que os pacientes quase não sentem dor antes ou depois do procedimento". Com este sistema, assegura, é possível tratar tumores cujo tamanho seja até superior ao de uma bola de golfe. A técnica já foi usada em tumores benignos e, recentemente, a equipa deu início a um ensaio clínico com 30 pacientes com cancro da mama.
A técnica distingue-se por ser "minimamente invasiva" e "relativamente rápida", além de destruir o tumor sem danificar os tecidos saudáveis. "A cicatriz é quase impercetível, uma vez que é apenas inserida uma agulha e o tumor não precisa de ser removido", conclui Himmelfarb.
O novo sistema já foi aprovado para utilização nos Estados Unidos e, de acordo com os seus responsáveis, a IceCube Medical está à espera de conseguir a aprovação europeia já no próximo ano.
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